Entre as 45 armas
apreendidas pela PRF havia uma pistola dourada com a inscrição "RB Da
clínica Nova Holanda". Policiais tentam descobrir quem receberia esse
armamento.
Policiais civis investigam se parte ou todas as 40 mil munições
apreendidas na tarde desta segunda-feira (26) pela PRF da Dutra vieram de
outros países. Os investigadores encontraram indícios de que elas podem ter
sido desviadas de fábricas militares que fornecem armamento e munição para as
Forças Armadas da Bolívia e do Paraguai.
Algumas munições para fuzil estavam embaladas como se tivessem acabado
de sair da fábrica. O delegado Fábrício Oliveira, da Delegacia Especializada em
Armas, Munições e Explosivos (Desarme), da Polícia Civil abriu inquérito para
apurar a procedência da munição e assim entender se houve desvio na fábrica.
No início da manhã desta segunda, agentes da Polícia Rodoviária Federal
(PRF) apreenderam
45 armas e 40 mil munições numa blitz na rodovia Presidente Dutra (BR-116), em
Seropédica, na Baixada Fluminense. O flagrante faz parte de
mais uma etapa da operação Égide, que reforça o policiamento nas rodovias
federais do estado.
No carregamento havia cilindros. Ao serem abertos, os policiais
encontraram 12 fuzis, 33 pistolas, 106 carregadores, uma granada e
aproximadamente 40 mil munições. O motorista, de 23 anos, confessou que trazia
o material de Foz do Iguaçu, no Paraná. Ele disse ainda que entregaria o
carregamento na Nova Holanda, uma das comunidades do Complexo da Maré, na Zona
Norte do Rio.
Em uma das embalagens, os policiais encontraram folhetos da Compañia
Tape Guazu que fornece munição para as Forças Armadas do Paraguai. A criação da
empresa ocorreu em 2011. O evento contou com a presença do então presidente
paraguaio, Fernando Lugo. Anteriormente, a munição para as Forças Armadas do
país eram importadas de Israel.
Outra embalagem que chamou a atenção dos policiais era da Fábrica
Boliviana de Municiones. Inaugurada em 1979, a fábrica, até 2014, comprava
insumos do Brasil e da Argentina para produzir munição de grosso calibre, como
fuzil, para treinamento das Forças Armadas e de pistolas para uso das polícias
na Bolívia. Há quatro anos, a fábrica passou a ser liberada a produzir munição
para os militares bolivianos.
De onde vêm as armas
Desde o momento da apreensão, os policiais tentam descobrir a quem seria
entregue uma pistola dourada, de fabricação austríaca, calibre nove milímetros,
que estava a caminho da favela Nova Holanda, no Complexo da Maré. Na arma
estava grafada uma inscrição "RB - Da clínica Nova Holanda". Na
comunidade há um posto de saúde comunitário.
No carregamento havia ainda uma carabina de calibre 5,56 de procedência
dos Estados Unidos. Contatos serão feitos com autoridades destes países para
auxiliarem no rastreamento do armamento.
Os contatos entre a polícia do Rio e as autoridades americanas estão
afinados desde a apreensão de 60 fuzis no ano passado no aeroporto
internacional do Galeão. As investigações apontaram o brasileiro Frederik
Barbieri, preso no sábado (24), em sua casa na Flórida. Barbieri também é
investigado nos Estados Unidos por tráfico internacional de armas e está numa
penitenciária americana. A estimativa, segundo a polícia, é que ele tenha
mandado mais de mil fuzis e 300 mil munições de Miami para o Brasil.
Em junho de 2017, ele entrou na lista dos procurados pela Interpol.
Barbieri é acusado de ter enviado ao Brasil, em maio do ano passado, uma carga
de aquecedores de piscina recheada com 60 fuzis. Foi a maior apreensão de armas
feita no Brasil em 10 anos, o que levou investigadores a considerarem Barbieri
o maior traficante de armamentos do país. Barbieri
seria ouvido pela Justiça nesta segunda mas passou mal.
REPORTAGEM WILLAME POLICARPO.
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