Em São Luís, uma fila que dobrava quarteirão se
concentrou na Santa Casa de Misericórdia. A maioria das pessoas voltou para
casa sem marcar a consulta na rede municipal de saúde.
No começo da manhã desta sexta-feira (27) uma enorme
fila se formou na porta do setor de marcação de consultas na Santa Casa de
Misericórdia, na região central de São Luís. A quantidade de pessoas fazia a
fila dobrar o quarteirão ao redor do centro.
Muitos pacientes chegaram à fila ainda na quinta-feira
(26) e passaram a noite acordados para conseguir atendimento médico na rede
pública municipal. A aposentada Telma Lisboa chegou a desmaiar e, mesmo na
porta de hospital, ficou sem atendimento.
“Já perdi sentido, já me
machuquei... que eu tenho problemas e tomo remédios controlados”, contou a
aposentada.
Várias pessoas percorreram longas distâncias para chegar
na Santa Casa porque não conseguiram agendar atendimento nas unidades de saúde
perto de suas residências. O aposentado José Conceição da Silva Carvalho disse
que já tinha tentado conseguir um dia antes, mas a senha já tinha acabado.
“Eu vim ontem, mas quando cheguei
já tinha terminado a senha. Aí vim hoje e estou esperando vendo o que consigo
pra hoje”, reclamou José.
A dona de casa Marcley Faria contou
na fila de espera que já faz meses que tenta agendar consulta, mas não
consegue.
“Não, porque não tinha para o que
eu quero. Eu queria para ortopedista”, afirmou.
Às 07h30 da manhã o portão foi aberto para a acomodação
dos pacientes na área de atendimento, mas com o número de senhas limitado. Para
as pessoas idosas foram distribuídas 25 senhas, um número bem menor para a
quantidade de pacientes na fila e pelos pouco mais de 10 especialidades
oferecidas.
Depois de várias tentativas em um
ano, dona Maria Joana, de 66 anos, finalmente conseguiu agendar uma consultar
um especialista na área de neurologia.
“Já tentei foi muito. Até que hoje
consegui”, afirmou.
Já o lavrador Juvenal Marques, de 67 anos, disse que
precisa fazer uma cirurgia no olho direito e que tenta atendimento há muito
tempo. “Desde dezembro que eu estou com encaminhamento para autorizar e ainda
não consegui”, ele contou.
Hoje (27), após seis meses do
início da peregrinação, ele conseguiu a senha, mas na hora de agendar a
consulta descobriu que o oftalmologista que o acompanha não está disponível.
Por isso, teve que voltar pra casa.
“Disseram que o com Dr. Vicente não
está autorizando. Só o Dr. Arimateia, mas ele não é o médico que está me
acompanhando e não posso marcar, já que cada um tem um sistema de trabalho,
né?”, lamentou o lavrador depois de voltar da fila.
A Secretaria de Saúde da Prefeitura de São Luís informou
que a Santa Casa é um prestador SUS e que os horários de marcação de consultas
são definidos por sua administração. A secretaria disse também que vai reunir
com a equipe da Santa Casa para discutir as demandas relacionadas à unidade
marcadora daquele local a fim de incluí-la no conjunto de melhorias que estão
sendo feitas de maneira progressiva no processo de marcação de consultas, que
está em fase de mudanças.
REPORTAGEM
WILLAME POLICARPO.
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