Crime ocorreu na frente da filha do casal, de
8 anos. Eduardo Gonçalves de Souza estava foragido; juíza negou medida
protetiva para vítima.
Eduardo Gonçalves de Souza, denunciado por
testemunhas após assassinar a mulher com mais de 20 facadas, se entregou à
Polícia Civil do Distrito Federal durante a tarde desta quinta-feira (30). O
crime aconteceu na noite de domingo (27), no Itapoã. Souza era considerado
foragido.
De acordo com a polícia e os vizinhos, ele
matou a esposa na frente da filha, de 8 anos. Souza já havia sido denunciado
por violência doméstica, mas a juíza responsável pelo caso, Eugenia Christina
Bergamo Albernaz, negou medida protetiva para a vítima.
Maria Regina Araújo, de 44 anos, morreu
dentro de casa. Foi a filha quem avisou os vizinhos. Uma equipe do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi até o local, mas a empregada doméstica
já estava morta.
Souza chegou a ser detido pelos moradores e
por um dos filhos da vítima, mas conseguiu fugir, atravessando a rodovia e se
embrenhando no pinheiral. Segundo a Polícia Civil, ele se entregou na Divisão
de Capturas e Polícia Interestadual, acompanhado de uma advogada.
“Sem provas”
No dia 16 de agosto, dez dias antes do crime,
Maria Regina procurou a Justiça para pedir que o marido – com quem vivia há 12
anos – ficasse longe dela. A juíza Eugenia Christina Bergamo Albernaz, que
atendeu a empregada doméstica, entendeu que não havia motivos para aplicar a
Lei Maria da Penha.
Segundo o entendimento da magistrada, os
conflitos entre o casal eram devido ao "desgaste do convívio
matrimonial".
"Uma vez que, considerando a narrativa
dos fatos, infere-se que o objeto do conflito entre as partes está relacionado
à eventual separação ou dissolução de união estável, devido ao desgaste do
convívio matrimonial, [...] não incidindo, assim, as circunstâncias que
autorizam a aplicação da Lei 11.340/2006", concluiu a juíza, ao negar a
medida protetiva.
Ainda na sentença, Eugenia Christina Bergamo
Albernaz avaliou que, "diante da falta de provas, não haveria como
autorizar a restrição de direitos subjetivos do marido da vítima já que ele,
suspeito de praticar as agressões, ainda não tinha sido ouvido".
Ação de divórcio
A juíza responsável pelo atendimento à Maria
Regina disse também que poderia "apenas determinar" que a vítima
procurasse um advogado ou a Defensoria Pública para buscar orientações sobre a
"necessidade de uma ação de divórcio".
O G1 tentou contato com a vara de Violência
Doméstica e Familiar da região do Paranoá, mas a assessoria do Tribunal de
Justiça afirmou que a magistrada não iria se pronunciar. A mesma vara foi
responsável pelo pedido de prisão de Eduardo Gonçalves de Souza, após a morte
de Maria Regina.
Ele chegou a pedir R$ 10 mil para sair de
casa.
De acordo com informações de um dos filhos de
Maria Regina, o assassino chegou a pedir R$ 10 mil para deixar a casa. Na
sexta-feira (24), dois dias antes do crime, a doméstica teria conseguido o
dinheiro, mas, no momento da entrega, ele recusou a receber e disse que iria
continuar morando com ela.
O assassino será ouvido nesta sexta-feira
(31) na delegacia responsável pela investigação do crime.
Com informações do G1 DF
REPORTAGEM WILLAME POLICARPO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário